Por Nathalia Garcia | Folhapress Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
As transações via Pix tiveram um recuo levemente mais acentuado do que o padrão histórico em janeiro, mês marcado por desinformação sobre taxação do meio de pagamento mais popular do Brasil. O Banco Central, contudo, diz que o movimento está dentro do esperado, conforme a variação sazonal de início de ano.
Historicamente, o número de operações via Pix costuma cair no início do ano em relação a dezembro, período de maior consumo dos brasileiros com o pagamento de 13º salário e as festas de fim de ano. Mas levantamento feito pela Folha de S.Paulo observou que, em janeiro de 2025, a queda foi ligeiramente mais forte do que em anos anteriores.
De dezembro de 2024 para janeiro de 2025, a redução foi de 11,4%. Um ano antes, em igual período, a queda tinha sido de 8,6%. Na comparação entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, o recuo foi de 9,9%. O último dado é também mais acentuado em relação ao período de dezembro de 2021 com janeiro de 2022, quando houve diminuição de 10,7%.
Outro sinal de que houve uma redução mais significativa neste ano é que, pela primeira vez desde a criação do sistema de pagamentos instantâneos, em 2020, a quantidade de transações via Pix do mês de janeiro (5,06 bilhões no início de 2025) foi menor do que o volume total de operações realizadas em novembro (5,17 bilhões no mês em 2024).
De acordo com o BC, esse comportamento reflete o arrefecimento das taxas de crescimento do Pix em linha com a maturidade do sistema.
"O fato da quantidade de Pix liquidados por meio do SPI [Sistema de Pagamentos Instantâneos] ser menor em janeiro de 2025 na comparação com novembro de 2024 reflete a acomodação natural das taxas de crescimento do instrumento", disse a instituição.
"É esperado que, com a maturidade da nova tecnologia, haja um arrefecimento nas altas taxas de crescimento interanuais, o que se observou, de fato, nas estatísticas ao longo do último ano", acrescentou.
Outro fator que pode ajudar a explicar esse comportamento do Pix em janeiro é o avanço do ciclo de alta de juros. Na semana passada, o Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a taxa básica (Selic) em um ponto percentual, a 13,25% ao ano.
Como os pagamentos estão sujeitos ao nível da atividade econômica, o efeito sobre o Pix é de redução no número de transações. A queda mais forte observada em janeiro pode, então, ser um indício de desaceleração da economia brasileira, quando associada aos outros fatores já mencionados.
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