Por Francis Juliano Foto: Reprodução / Coopiatã
Na lista dos cinco estados com maior produção de café no país, a Bahia não deve auxiliar no barateamento do produto. Isso mesmo sendo o item responsável, junto com a soja, pela maior exportação do estado no último mês de fevereiro.
Segundo o IBGE, a previsão é que a colheita deste ano chegue a 266 mil toneladas, 6,8% acima em comparação a 2024. Apesar do aumento da produção, o valor não deve tornar o café palatável ao bolso do baiano.
Para o engenheiro agrônomo e sócio-fundador da Coopiatã, na Chapada Diamantina, Rodolfo Moreno, o fato de o produto ser uma commoditie [mercadoria negociada em bolsa de valores] dificulta a queda do preço nas prateleiras. “Os boatos correm, não é? Então, quem tem café vai faturar em cima”, disse em entrevista ao Bahia Notícias.
Outro produtor, Yuri Mares Barros, da JC Corretagem de Café, também estima que o preço fique ainda mais elevado. Barros atua na região do Planalto da Conquista, que abrange Vitória da Conquista e municípios como Barra do Choça, Ribeirão do Largo e Encruzilhada. No ano passado, a região chegou a colher cerca de 750 mil sacas. Para este ano, o produtor acredita que a safra seja menor devido ao que chama de bienalidade do café – em dois anos há uma safra maior seguida de outra menor. Outro fator também o preocupa. “Esse preço totalmente atípico é pela questão climática mundial”, acrescenta.
Rodolfo Moreno ainda não está seguro de uma situação melhor neste ano. “Tem muita florada. Lá em Piatã mesmo, a florada foi boa. Só que ainda não se pode garantir. Porque pode vir granizo em Minas, pode o Vietnã andar mal de novo. Enfim, é preciso esperar”, avaliou.
Na última cotação auferida nesta segunda-feira (24), a saca de 60 quilos do café tipo arábica saía a R$ 2,5 mil. Já o café da Chapada – conhecida pela alta qualidade e colhido a mão – o produto é ainda mais valorizado. Moreno acredita que o preço possa chegar neste ano a R$ 4 mil.
“Nós não costumamos trabalhar com cotação de bolsa, mas o café bom já está a R$ 3,2 mil, e o café muito bom já chegou em R$ 3,5 mil”, complementa. Para o produtor, a ação do governo federal em zerar o imposto de importação para o café não trará resultados.
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