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Tarifaço de Trump: Impostos nos EUA podem gerar impactos na baiana; país é 2º maior parceiro comercial da Bahia


Foto: Divulgação / The White House

 O chamado “tarifaço” do presidente norte-americano Donald Trump tem abalados as estruturas do mercado mundial desde o seu anúncio, há uma semana. Dados obtidos pelo Bahia Notícias junto a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI-BA) apontam que as transações comerciais entre a Bahia e os Estados Unidos (EUA) chegaram a US$ 3,72 bilhões no ano de 2024, o equivalente a mais de R$ 21 bilhões. 

Com um total de exportação de U$ 882 milhões em exportações baianas, e U$ 2,83 bilhões em importações americanas no estado, a balança pende em quase duas vezes para o país americano, com saldo negativo de U$ 1,9 bilhão para a Bahia. O economista e coordenador de Acompanhamento Conjuntural da SEI, Arthur Souza Cruz, explica que o cenário se repete em quase todos os cenários dentro do Brasil, devido ao valor agregado dos produtos norte-americanos. 
“Em relação ao Brasil, os EUA exporta produtos com maior valor agregado, enquanto nós exportamos para eles commodities, ou produtos com baixa intensidade tecnológica, o que determina o déficit comercial em ambos os casos”, explica. Nacionalmente, o Brasil exportou cerca de US$ 40,3 bilhões em exportações e importou US$ 40,5 bilhões dos Estados Unidos. Os números apontam que, enquanto os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, somos o nono maior parceiro dos Estados Unidos. 
O mesmo se repete na Bahia. Os EUA são o 2° maior parceiro do estado, atrás apenas da China, que acumula US$ 4,36 bilhões em corrente de comércio. Em termos de importação, os EUA foram o 3° maior consumidor brasileiro, atrás da China e Singapura. 
O que muda entre o Brasil e a Bahia é que no cenário nacional, as maiores exportações são de petróleo bruto, maquinas semiacabadas de ferro e aço, aeronaves e café não torrado; enquanto no comércio estadual, os principais produtos exportados são as celuloses (pastas químicas de madeira), produtos pneumáticos, produtos de cacau (manteiga, óleo e gordura) e benzeno (hidrocarboneto). 
Ao falar especialmente sobre os nichos mais lucrativos da Bahia no mercado americano, Cruz revela que a tarifa não deve impactar no comércio, especialmente considerando dois fatores: o padrão internacional de valores e os impactos iguais ou maiores nos concorrentes. 
“Para a celulose que tem seus preços definidos em bolsas internacionais, certamente não [vai haver diminuição da rentabilidade], por conta de que possíveis concorrentes tiveram sobretaxas iguais ou até maiores que às de 10% aplicada sobre o produto”, explica. E completa: “Já os pneus, se tiverem inclusos na tarifa de 25% aplicada ao setor automotivo, deverá ter impacto maior, ressalvando que todos os países que exportam veículos e seus acessórios para os EUA foram penalizados de igual forma com o mesmo percentual.”
É neste cenário, que já beneficia a economia estadunidense, a tarifa de 10% à parte dos produtos brasileiros pode afetar a exportação brasileira e baiana. Para Cruz, no entanto, ainda que o impacto possa existir, ele deve ser maior em nichos não muito explorados da indústria baiana. 
Segundo ele, o resultado econômico “pode ser impactado, prejudicando mais a exportação, principalmente de produtos de ferro/aço que tiveram uma sobretaxa maior [de 25%]". "Mas no contencioso, há margem para negociação que o governo brasileiro prioriza, antes de qualquer retaliação. Ainda assim, existem oportunidades em outros nichos de mercado que o país foi favorecido, diante de outros concorrentes”. Ao citar um “favorecimento”, ele explica que outros países tiveram uma taxação superior aos 10% direcionados ao Brasil. 
Ao falar sobre as projeções para o PIB [Produto Interno Bruto] estadual para o ano de 2025, o especialista avalia que, apesar das medidas drásticas, o mercado americano deve interferir pouco na Bahia. “Não acredito [que haja prejuízo] visto a baixa participação das exportações no PIB estadual, algo em torno de 13%, como também o mercado americano representa apenas 7,4% das exportações estaduais em 2024”, declara Arthur. 
E outro resultado dos dados apresentados pela SEI é que, conforme levantamento da Amcham [Câmara Americana de Comércio para o Brasil], a Bahia aparece como 2° maior mercado de importação americana, atrás apenas de São Paulo, comprando principalmente, itens como gás natural, óleos combustíveis de petróleo e produtos químicos inorgânicos. 
O Porto de Salvador é a quinta maior via de entrada dos produtos americanos no Brasil, atrás do Porto de Santos, Aeroportos de Guarulhos e Viracopos, os três em São Paulo; aeroporto do Rio de Janeiro e Porto do Rio de Janeiro, respectivamente. 

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